A edição da revista Veja que começou a circular neste
sábado traz a relação de políticos (confira abaixo) que, segundo a
semanal, foram apontados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa como beneficiários de um esquema de corrupção na estatal operado
por ele em sua passagem pela diretoria de Abastecimento, entre 2004 e
2012. Os nomes remetem a aliados das duas candidatas que lideram as
pesquisas eleitorais para a Presidência da República, Dilma Rousseff
(PT) e Marina Silva (PSB).
A relação dos citados pelo ex-executivo vai dos atuais
presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL) – dois dos principais aliados de Dilma no
Congresso – até o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB),
morto em um desastre aéreo no último dia 13 e de quem Marina era
candidata a vice-presidente. A participação de cada um dos mencionados
ainda será objeto de investigação.
Nos depoimentos que prestou até agora à Justiça, por meio
da chamada delação premiada – acordo que prevê a redução da pena do
acusado em caso de colaboração efetiva com as investigações –, Paulo
Roberto apontou o envolvimento dos seguintes políticos no desvio de
dinheiro público da estatal:
Edison Lobão (PMDB) – ministro das Minas e Energia
João Vaccari Neto (PT) – secretário nacional de finanças do partido
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara
Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado
Ciro Nogueira (PP-PI), senador e presidente nacional do partido
Romero Jucá (PMDB-RR), senador e ex-líder dos governos FHC, Lula e Dilma
Cândido Vaccarezza (PT-SP), deputado federal
João Pizzolatti (PP-SC), deputado federal
Mario Negromonte (PP), ex-ministro das Cidades, ex-deputado e atual conselheiro do TCM-BA
Sergio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio de Janeiro
Roseana Sarney (PMDB), governadora do Maranhão
Eduardo Campos (PSB), ex-governador de Pernambuco e ex-candidato à Presidência, morto no dia 13 de agosto em um desastre aéreo, a revista usa fundo vermelho na capa, a exemplo do que fizera em edição com depoimento de Marcos Valério sobre o mensalão em 2012.
Segundo a revista Veja, Paulo Roberto entregou, ao todo, os
nomes de três governadores (considerando-se aí a atual governadora
Roseana Sarney e os ex-governadores Sergio Cabral e Eduardo Campos), um
ministro (Edison Lobão), um ex-ministro (Mário Negromonte), seis
senadores e 25 deputados, além do secretário de finanças do PT. O
ex-diretor da Petrobras também confirma que houve pagamento de propina
no negócio que resultou na polêmica compra da refinaria de Pasadena, nos
Estados Unidos. O prejuízo bilionário para a empresa brasileira com a
compra da unidade norte-americana motivou a instalação da CPI da
Petrobras.
O esquema partia de grandes empresas – a maior citada por
ele é a Camargo Corrêa – que, para fechar contratos milionários com a
Petrobras, transferiam parte do lucro a funcionários da estatal, a
partidos da base do governo e a políticos. Estes, antes de receber,
tinham o dinheiro lavado por doleiros.
De acordo com Paulo Roberto, relata Veja, algumas das
maiores empreiteiras do país, como a Camargo Corrêa, participavam do
esquema. Segundo o ex-diretor contou, elas transferiam parte do lucro a
funcionários da estatal, a partidos e políticos da base aliada para
fechar contratos milionários com a Petrobras. Antes de chegar ao destino
final, o dinheiro era lavado por doleiro, diz a revista.
Os números dos envolvidos pelo ex-diretor no esquema
operado e, agora, delatado por ele variam conforme a apuração. Segundo o
jornal O Estado de S. Paulo, Paulo Roberto disse que 32 parlamentares,
um governador e cinco partidos políticos recebiam 3% de comissão sobre o
valor de cada contrato da estatal no período em que ele comandava a
diretoria de Abastecimento. Oúnico nome mencionado na reportagem
do Estadão é o do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
De acordo com a Folha de S. Paulo, 61 congressistas e pelo
menos um governador receberam dinheiro desviado da empresa. A exemplo
de Veja, a Folha cita o envolvimento direto de três partidos da base de
Dilma: PT, PMDB e PP.
Por envolverem parlamentares e ministro de Estado, os
depoimentos serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal (STF),
responsável por andar andamento e julgar processos contra autoridades
federais. Réu em duas ações penais – uma sobre ocultação e destruição de
documentos e outra sobre corrupção –, o ex-diretor da Petrobras aceitou
a delação premiada para escapar de uma pena que poderia chegar a 50
anos.
Um dos principais alvos da Operação Lava Jato, da Polícia
Federal, Paulo Roberto é acusado de ter recebido propina e de participar
de um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria
movimentado cerca de R$ 10 bilhões.